As espécies de Fusarium e outros fungos patogênicos estão frequentemente associadas a Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (IRAS). Além disso, a fusariose é particularmente frequente em pacientes com transplante de medula alogênico, devido à maior imunossupressão e apresentam uma alta mortalidade. Segundo LESLIE et al., 2006, a mortalidade em casos de infecções sistêmicas por Fusarium spp. é superior a 70%
Por isso, ambientes de atendimento à saúde de pessoas imunocomprometidas devem fornecer padrões mais elevados para a qualidade da água tomando medidas preventivas visando a diminuição de casos de Infecção Hospitalares.
No artigo desta semana, vamos falar sobre:
- como pode ocorrer a contaminação de pacientes em unidades de Transplante de Medula Óssea (TMO) através da água;
- os problemas de Infecções Hospitalares em unidades de Transplante de Medula Óssea (TMO) e;
- a presença de Fusarium e quais cuidados devemos ter com a água para unidades de Transplante de Medula Óssea (TMO).
Como pode ocorrer a contaminação de pacientes em unidades de Transplante de Medula Óssea (TMO) através da água?
Muitas vezes as medidas de prevenção visando evitar as infecções por fungos nosocomiais são focadas principalmente na exposição respiratória e no contato direto com esporos de fungos.
Segundo as “Diretrizes para a prevenção de complicações infecciosas entre receptores de transplante de células hematopoéticas: uma perspectiva global”, além do ar, a água também pode ser uma fonte de fungos patogênicos como, por exemplo, espécies Aspergillus e Fusarium estão presentes na água e em superfícies relacionadas com a água de hospitais que cuidam de pacientes com câncer.
Um estudo realizado por Anaissie, Elias J.et al., 2001 verificou a presença de espécies de Fusarium em sistemas de água hospitalares e demonstrou a presença de Fusarium em 162 (57%) das 283 coletadas. De 92 ralos de pia testados, 72 (88%) produziram Fusarium solani; 12 (16%) de 71 aeradores de torneiras de pia e 2 (8%) de 26 chuveiros produziram Fusarium oxysporum.
Outro estudo complementar demonstrou que a concentração de bolores transportados pelo ar era significativamente maior em áreas de grande uso de água (como chuveiros de pacientes) do que em quartos e corredores, sugerindo que a aerossolização de bolores transportados pela água ocorre após o seu uso (por exemplo, após o banho).
Portanto, a água e as superfícies correlacionadas (como ralos, chuveiros entre outros locais) do hospital devem ser considerados uma fonte potencial de infecções por fungos invasivos nosocomiais.
Portanto, a água do hospital deve ser considerada uma fonte potencial de infecções por fungos invasivos nosocomiais.
Infecções Hospitalares em unidades de Transplante de Medula Óssea (TMO) e a presença de Fusarium:
Uma das principais complicações que podem ocorrer com os pacientes que são submetidos ao TMO são as infecções adquiridas no ambiente hospitalar. Como reflexo do tratamento aplicado, os pacientes ficam mais suscetíveis a infecções.
Neste aspecto, as espécies de Fusarium são de grande preocupação no controle de infecções hospitalares, pois causam um amplo espectro de infecções em humanos, incluindo doenças superficiais e localmente invasivas.
Além disso, Fusarium também é um dos agentes etiológicos mais comuns de úlceras fúngicas da córnea. Segundo Brown, G.D. et al., 2012, as infecções fúngicas invasivas graves apresentam uma elevada taxa de mortalidade, estima-se entre 50% e 100%, dependendo da espécie envolvida.
Quais cuidados devemos ter com a água para unidades de Transplante de Medula Óssea (TMO)?
Diversas variáveis podem contribuir para o desenvolvimento de Fusarium nos sistemas de água hospitalares, tais como tubulações com pontos de estagnação (pontos mortos), concentrações baixas de Cloro Livre no sistema distribuição, tubulações e pontos de consumo com biofilme.
Desse modo, o ideal é que o hospital realize um programa de gerenciamento de água, como o programa água segura para hospitais da Microambiental, com o intuito de identificar tanto os principais pontos críticos no sistema quanto as ações corretivas que podem minimizar o crescimento e a disseminação de microrganismos potencialmente patogênicos transmitidos pela água.
Abaixo listamos algumas medidas para ajudar no monitoramento da qualidade da água para unidades de Transplate de Medula Óssea (TMO):
- Realizar análises de água: as análises são o primeiro passo para medidas corretivas e garantem que a água é segura para consumo. Desse modo, recomendamos a realização de um cronograma com análises mensais considerando pontos em que a água fica estagnada ou áreas com uso infrequente, bem como a suscetibilidade dos ocupantes aos riscos de exposição.
Além disso, é importante reavaliar seu escopo de análises de água. A maioria dos escopos padrões não englobam o gênero Fusarium. Converse com um especialista e realize a atualização do seu escopo de análises de água se necessário;
- Realizar análises de swabs de superfícies consideradas críticas (pias, chuveiros, duchas, forros, ralos, ar condicionado) em locais de maior risco como em UTIs, TMOs, Centrais de Diálise entre outros locais;
- Utilizar sistemas inteligentes de dosagem de cloro que apresentam leitores que medem constantemente a concentração de cloro livre na água e assim mandam comandos para as bombas iniciarem ou interromperem a dosagem de cloro. Além disso, recomendamos utilizar o dióxido de cloro como biocida por demonstrar uma melhor penetração nos biofilmes formados em tubulações e reservatórios, segundo Nicholas F. Gray, 2014;
- Realize a limpeza de caixa d’água e higienização de reservatórios na periodicidade recomendada para remover partículas e incrustações nas superfícies internas dos reservatórios. Além disso, é importante optar por empresas que utilizam tecnologias que removam os Biofilmes. Para isso, pergunte se o método aplicado retira as incrustações inorgânicas metálicas e a matriz polimérica extracelular do biofilme ou apenas utiliza o cloro como agente sanitizante no processo.
- Limpeza e desinfecção de chuveiros, torneiras, bebedouros entre outros locais, para evitar o desenvolvimento de microrganismos que podem infectar o ser humano através do seu consumo de água, contato com a pele ou por gotículas inaladas.
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