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Bactéria pode ter agravado surto de microcefalia no País

Notícia publicada no jornal Diário de Pernambuco apresenta estudo feito por grupo de instituições prestigiadas que sugerem relação entre o vírus da Zika e bactéria presente na água.

Acompanhamos desde 2015 casos severos de microcefalia no nosso país, até então os estudos só vincularam tal surto ao vírus zika. Mas estudos recentes elaborados pelos institutos D’Or (IDOR), Fiocruz e pelas Universidades Federais do Rio de Janeiro e Rural de Pernambuco, apontam que o zika vírus pode não ser o único causador dessa doença, mas que pode ter a colaboração de uma “bactéria” amplamente presente na água: A Cianobactéria. 

Imagem de cianobactérias

Mas o que são as Cianobactérias? 

Apesar dessa denominação as Cianobactérias são na realidade algas, popularmente conhecidas também como “algas azuis”. Essa nomenclatura foi dada porque estes microrganismos apresentam uma organização celular semelhante as bactérias e assim inicialmente foram categorizadas neste grupo.

Entretanto estudos posteriores constataram que as elas são na realidade algas, mas manteve-se o nome de cianobactérias. Elas possuem uma longa história evolutiva com registros fósseis datados em 3,5 bilhões de anos e deste modo foram capazes de colonizar praticamente todos os ecossistemas do nosso planeta.

As cianobactérias possuem diversos mecanismos para tolerar condições adversas desde a incidência de raios ultravioletas, concentrações elevadas de metais pesados e até baixas concentrações de oxigênio. Entretanto, os ambientes de água doce são os mais importantes para o seu crescimento, uma vez que a grande maioria das espécies apresenta um melhor desempenho em águas com as seguintes características:

Águas neutras/alcalinas (pH 6-9), temperatura entre 15ºC a 30ºC e alta concentração de matéria orgânica, principalmente nitrogênio e fósforo.

Problemas na ocorrência de Cianobactérias em sistemas de água: 

O principal fator que favorece o crescimento desses microrganismos se dá pelo aumento da concentração de matéria orgânica devido a poluição por dejetos domésticos (esgoto), fertilizantes agrícolas e efluentes industriais, despejados diretamente em rios e lagos.

Em consequência desse acumulo ocorre um evento chamado florações, as quais vão formar uma camada densa e profunda de células de Cianobactérias. As florações causam a redução das concentrações de oxigênio, ocasionando à morte muitos organismos, e alterações na coloração e no odor das águas.

Além das questões ambientais a ocorrência deste evento torna-se ainda mais problemático quando a água é utilizada para o abastecimento público, isto porque vários gêneros e espécies de cianobactérias que formam florações tem a capacidade de produzir toxinas.

As toxinas de cianobactérias, são conhecidas como Cianotoxinas e constituem uma grande fonte de produtos tóxicos. As caracterizações elaboradas em estudos anteriores descrevem que os principais tipos de intoxicação incluem: distúrbios hepáticos, neurológicos, gastrointestinais e reações alérgicas.

Vale ressaltar que esses microrganismos podem ser identificados por meio de análises de água. A PRC N° 5 estabelece limites máximos para água destinada a consumo humano.

Mas mesmo com os cuidados estabelecidos por lei a presença de Cianotoxinas na água continua sendo grande problemática, uma vez que, o tratamento de água convencional não reduz substancialmente as toxinas produzidas por elas.

Novo panorama das intoxicações humanas por Cianobactérias: 

Os estudos realizados pelo Instituto D’Or (IDOR), Fiocruz e pelas Universidades Federais do Rio de Janeiro e Rural de Pernambuco (UFRJ e UFRPE), deram uma nova proporção no que se era conhecido nas intoxicações humanas por cianotoxinas.

A pesquisa demonstrou que um dos tipos de toxinas produzidas por cianobactérias a saxitoxina (STX) encontrada em reservatórios de água, é capaz de acelerar a morte de células neuronais também expostas à infecção pelo zika.

Os pesquisadores conseguiram constatar tais informações em estudos experimentais utilizando camundongas grávidas e em minicérebros humanos. Ao analisarem ambos os casos, a presença de STX associada ao zika acelerou duas vezes mais a destruição de células do cérebro.

Dentro da mesma pesquisa, os cientistas também descobriram que há uma prevalência da cianobactéria Raphidiopsis raciborskii e da toxina produzida por ela nos reservatórios de água do Nordeste do que em outras regiões.

Esse dado é muito importante pois ajuda a explicar por que os estados nordestinos foram os mais afetados.

Apesar de precisarmos de mais estudos para realmente estabelecermos uma correlação convicta da relação entre toxina, zika e microcefalia observada nos camundongos tenha efeito em humanos, tais achados são muito importantes para as próximas fases do estudo para avaliar sua relação com a água de consumo.

Leia a reportagem na íntegra clicando no link: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2019/09/bacteria-pode-ter-agravado-surto-de-microcefalia-no-pais.html





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