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Conheça as bactérias que podem estar presentes em sistemas de água.
O que são esses seres microscópicos e como eles afetam a qualidade da nossa água?
Nosso post sobre “ Água contaminada com matéria orgânica: por que é preciso ficar atento?” falamos um pouco de como a matéria orgânica influência diretamente o crescimento microbiano, principalmente de bactérias. Hoje vamos entender um pouco mais sobre o que são esses seres microscópicos e como eles afetam a qualidade da nossa água.
O que são bactérias?
São formas de vidas muitos simples constituídas apenas por uma célula. As células bacterianas são bem diferentes das de animais e plantas, sendo caracterizadas por não ter seu material genético envolto por uma membrana (núcleo) sendo chamadas assim de células procariotas (células que vieram antes do núcleo). As bactérias são envolvidas por uma parede celular que é praticamente composta por um complexo de carboidrato e proteína chamado de peptideoglicano. (Por comparação, a celulose é a principal substância das paredes celulares de plantas e algas). Para a sua nutrição, a maioria das bactérias usa compostos orgânicos encontrados na natureza derivados de organismos vivos ou mortos, por isso a presença de matéria orgânica nos sistemas de água é tão importante para o desenvolvimento desses microrganismos.
Onde vivem?
As bactérias podem parecer simples mas tem uma grande adaptabilidade estando presentes nos mais diversos ambientes. Podemos encontra-las no solo, na água, nas plantas, nos animais, até em locais mais inóspitos como em resíduos radioativos, nas profundezas da crosta terrestre, no gelo ártico entre outros locais em que a maioria das plantas e animais não habitariam. Dentro de um mililitro de água doce geralmente podemos encontrar cerca de um milhão de células bacterianas.
Como se reproduzem?
As bactérias geralmente se reproduzem por divisão em duas células iguais – Sempre que falamos de crescimento microbiano nos referimos ao aumento do número de células e não de seu volume. Além disso geralmente as bactérias tendem a crescer em cadeias ou em grumos (colônias bacterianas), por isso, quando vemos os resultados das nossas análises referentes a “contagem em placas” utilizamos o termo unidades formadoras de colônias, também conhecidas como UFC.
Qual a interferência das bactérias no sistema de água?
Certas bactérias são consideradas nocivas nos sistemas de água para consumo humano, algumas por causarem alteração no odor, na cor e no gosto da água. Temos alguns exemplos de microrganismos que podem ser considerados nocivos e as características indesejáveis que eles podem causar nos sistemas de água humano:
Bactérias Mucilaginosas – Produzem materiais gomosos ou lamacentos;
Ferrobactérias – Transformam compostos solúveis do ferro em insolúveis, desses compostos provenientes do ferro vão ser depositados no fundo de reservatórios e encanamentos diminuindo o fluxo de água.
Bactérias do enxofre – Produzem ácido sulfúrico e sulfeto de hidrogênio, tornando a água muito ácida e conferindo um péssimo odor e pode comprometer a estrutura da tubulação.
Além das bactérias que mudam as propriedades da água ainda temos algumas que podem causar doenças ao homem. A patogenicidade das bactérias é bastante relativa, pois está associado à imunidade do seu hospedeiro, as características de infectividade e produção de toxinas.
Como as análises diferenciam as bactérias?
Nós podemos diferenciar as bactérias com base em suas diferenças morfológicas, de maneira geral, as células bacterianas apresentam várias formas possíveis tais como: bacilos (em forma de bastão), os cocos (esféricos) e os espirilos (em forma de saca-rolha ou curvados). Entretendo classifica-los apenas deste modo não é eficaz para nossas análises de água, afinal centenas de espécies bacterianas são pequenos bastonetes ou pequenos cocos.
Deste modo para nossas análises utilizamos testes bioquímicos/metabólicos para saber se uma bactéria de interesse está em nossa amostra. Mesmo bactérias intimamente relacionadas podem ser separadas em espécies distintas após serem submetidas a testes bioquímicos, como por exemplo para identificarmos a bactéria Escherichia coli podemos utilizar o método do substrato cromogênico (http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manual_pratico_de_analise_de_agua_2.pdf). O método é baseado nas capacidades metabólicas dos coliformes da E. coli em metabolizar a ß glucoronidase. Quando há degradação dessa substância ocorre alterações mudança no meio, e se o colocarmos em uma luz ultravioleta (UV) 365 nm, e o meio de cultura que colocamos a nossa amostra de água criar fluorescência sabemos que a E. coli está presente.
Resultados do Método cromogênico
Curiosidade importante!
Se lembram que falamos que as bactérias são envolvidas por uma parede celular composta por peptideoglicano? Também conseguimos as diferenciar pela quantidade de peptideoglicano presentes em suas paredes celulares por uma técnica chamada “coloração de Gram”. Quando aplicamos essa técnica podemos separar as bactérias em Gram Positivas (coloração rocha) ou Gram Negativas (coloração rosa).
Quais análises bacteriológicas são importantes estar no escopo de análises de água?
A composição escopo de análises microbiológicas vai depender muito da finalidade que o consumidor vai dar aquela água. Caso água for utilizada para qualquer atividade que envolva de alguma forma consumo humano, seja de forma direta ou indireta (como por exemplo Higiene pessoal, preparo de alimentos, bebedouros, purificadores, entre outros), deve-se seguir a PRC N° 5 estabelece limites máximos para água destinada a consumo humano. Sendo assim o escopo deve conter basicamente as seguintes análises bacteriológicas: Contagem de Bactérias Heterotróficas, Coliformes Totais e Escherichia coli.
Vale ressaltar que ambientes hospitalares ou locais que hospedam pessoas com deficiência no sistema imune é recomendado a elaboração de análises complementares para o controle de bactérias oportunistas, estas normalmente não estão no escopo exigido por lei, mas seu controle é de grande importância para garantir a qualidade de vida de idosos, crianças, gestantes, pessoas que sofrem síndrome de imunodeficiência (AIDS), indivíduos que passaram por transplantes e quimioterapia.
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