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Entenda o problema da Geosmina na água de consumo do RJ.
No começo de 2020, moradores do Rio de Janeiro receberam uma água apresentando forte cheiro, coloração turva e um gosto desagradável por semanas. Tal cenário caracterizou uma das piores crises hídricas do estado. Um ano após, o Rio de Janeiro voltou a ter problemas de cheiro e gosto de terra na água fornecida.
No artigo dessa semana, vamos falar sobre como a geosmina pode ter contaminado novamente o sistema hídrico, os efeitos da presença desta molécula na água, como o problema de sanitização afeta o fornecimento e algumas medidas de controle como implementação de filtros, higienização de reservatórios, limpeza de caixas d’água e tubulações no combate ao problema.
O que está acontecendo com o abastecimento de água no Rio de Janeiro?
Pelo segundo verão consecutivo, a água fornecida em diversas regiões do Rio de Janeiro voltou a apresentar cheiro e gosto de terra. A concessionária de distribuição de água responsável, após realizar análises, confirmou a presença de geosmina no Rio Guandu, mas afirma que as concentrações foram inferiores às da crise de 2020. A companhia informou que continua aplicando carvão ativado para tratar a água.
O que é a Geosmina?
A Geosmina é um composto orgânico amplamente conhecido pelo agradável cheiro de terra molhada. Essa molécula pode ser sintetizada por alguns microrganismos, tais como as bactérias Streptomyces e Actinomicetos, Cianobactérias (algas azuis) e os fungos.
Fórmula da Geosmina (Estrutura química):
A presença de Geosmina na água é responsável apenas por causar alterações de cheiro e sabor, mas não mudanças de cor ou turbidez.
A Geosmina pode fazer mal quando consumida?
A Geosmina não apresenta toxicidade, mas é um indicador da qualidade da água coletada, isso porque as Cianobactérias (algas azuis) têm seu crescimento favorecido pelo aumento da concentração de matéria orgânica devido à poluição por dejetos domésticos (esgoto), fertilizantes agrícolas e efluentes industriais, despejados diretamente em rios e lagos.
Apesar da presença de Geosmina não apresentar efetivamente um efeito tóxico ao organismo, pesquisadores já relataram que a água com gosto desagradável pode causar efeitos psicossomáticos (sintomas causados por alguma instabilidade emocional que vão gerar efeitos físicos no organismo) como dores de cabeça, estresse e náuseas.
Como remediar a presença de Geosmina na sua água para consumo?
A Geosmina é um composto de difícil oxidação, então os processos convencionais de tratamento são insuficientes para a remoção de tal substância.
A limpeza de filtros, com a troca de velas de carvão ativado, vai diminuir a carga de material orgânico e evitar contaminações microbiológicas.
Nós da Microambiental recomendamos a realização de análises de água, para a identificação de bactéria possivelmente patogênicas e oportunistas na água. A alta carga de matéria orgânica em conjunto do aumento de temperatura, também favorece o desenvolvimento de microrganismos potencialmente patogênicos e oportunistas (como a Escherichia coli, Legionellaentre outras). Essespodemse instalar em tubulações e caixas d’água.
E como remediar a presença de Geosmina no manancial?
A concessionária de distribuição de água, após a crise de 2020 implementou a adição de carvão ativado no sistema de tratamento de água. O carvão ativado tem sido empregado no tratamento da água, pela sua capacidade de absorver seletivamente impurezas de origem orgânica.
Apesar do tratamento com carvão ativado ser muito eficaz, ele não é seletivo apenas para a Geosmina. Deste modo, se a água estiver com uma alta carga orgânica talvez o tratamento não tenha a eficácia esperada para a remoção de Geosmina.
Como a Geosmina contaminou o abastecimento de água?
Os rios Queimados, Poços e Ipiranga são afluentes do Guandu (que abastece os municípios de Nilópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Itaguaí, Queimados e Rio de Janeiro) e sofrem constante despejo de esgoto.
Apesar da adição de carvão ativado no sistema de tratamento de água, a crise que circunda o abastecimento de água potável no Rio de Janeiro é reflexo da intensa poluição de corpos hídricos.
Sem o tratamento adequado de esgoto, as bacias dos rios Poços, Ipiranga e Queimados continuarão desaguando no Guandu com alta carga de poluentes favorecendo o desenvolvimento das cianobactérias. Vale ressaltar que esse crescimento é intensificado pela alta taxa de luminosidade, característica do verão intensificando o problema nessa estação do ano.
Além disso, as Estações de Tratamento de Água são muito antiquadas, e não dispõem de tecnologias que removam novos produtos ocasionados pelos diversos tipos de poluentes gerados.
O problema do Saneamento Básico no Brasil:
Gostaríamos de ressaltar que o cenário de falta de saneamento não é um problema exclusivo do estado do Rio de Janeiro, mas de âmbito nacional. Em 2019, o Instituto Trata Brasil relatou ao senado que 48% da população brasileira ainda não possui coleta de esgoto.
Enquanto o despejo de efluentes, sem tratamento adequado em nossos mananciais ocorrerem, crises como essa no Rio de Janeiro serão corriqueiras, entre outros problemas de saúde pública que a falta de saneamento pode ocasionar.
A Microambiental compreende como a água de boa qualidade implica no bem-estar das pessoas. Deste modo, não recomendamos o consumo de água que apresente qualquer tipo de cheiro, coloração e gosto.
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